terça-feira, 14 de outubro de 2008

Saudações!
Ainda sobre Mingus...

Charles Mingus Jr., nasceu em 22 de Abril de 1922 em Nogales, Arizona, EUA.
Faleceu em 5 de Janeiro de 1979.

Mingus nasceu numa base militar, localizada em Nogales, perto da fronteira com o México.
Sua mãe, Harriet Sophia Mingus, texana de ascendência negra e chinesa, já estava muito doente na época do parto. Uma inflamação crônica nos músculos do coração, decorrente do consumo excessivo de álcool, acabou tirando sua vida aos 38 anos, antes que seu filho completass seis meses.
Charles Mingus, o pai, era sargento do exército. Tinha olhos azuis e um tom de pele claro o suficiente para ser visto como branco. Nascido de um "affaire" entre um negro e uma sueca, soube tirar proveito dessa aparência para alcançar um relativa segurança financeira, mas não por sentir vergonha de suas origens africanas, mas pelo preconceito(ainda hoje existente) na sociedade norte- americana.
Brian Priestley, biógrafo de Mingus, diz que o sargento Mingus, descarregava com frequencia seu mau humor e frustrações tanto nas filhas mais velhas, Grace e Vivian, como no caçula( que atribuia a habitual violência do pai ao fato de ele ser ex-soldado).
A família Mingus se mudou para a califórnia poucas semanas antes de Harriet morrer.
Charles Jr, cresceu em Watts, uma área suburbana situada 5Km ao sul do centro de Los Angeles, que já vivia na época um processo de grande transformação.
Inicialmente habitada por hispânicos oriundos do México e brancos norte-americanos, com o tempo watts foi se transformando em um superpovoado gueto negro.
O sargento Mingus, em Julho de 1923, se casou com Mamie Carson, uma mulher de auto-estima forte, meio negra, meio índia, que assumiu a função de criar os filhos do marido em troca de segurança econômica. Embora já fosse mãe de um adolescente, Mamie sempre teve certa predileção por Charles Jr( apelidado por ela de Baby).
Mingus reconheceu mais tarde que cresceu superprotegido pela madrasta.
O interesse do garoto por música foi estimulado desde cedo pelas aulas de violino e piano que as irmãs recebiam em casa.
Mamie só permitia que se ouvisse música de conteúdo religioso em casa, tanto no rádio como, posteriormente na vitrola da casa.
Acompanhando a madrasta nos cultos da igreja, Charles encontrou o primeiro instrumento pelo qual se interessou: o trombone, não à toa usado na banda da igreja com quase a mesma função de um baixo.
Tempos depois, por não conseguir tocar o instrumento adequadamente e seguindo conselho de um amigo que lhe dava aulas, trocou o trombone por um violoncelo.
Foi ouvindo rádio que ele descobriu a paixão por Duke Ellington, paixão que o acompanharia por toda a vida.
O clarinetista Buddy Collete também contribuiu para que Charles encontrasse seu caminho musical.
Por volta de 1938 ele o convenceu a trocar o violoncelo por um instrumento da mesma" família", o contrabaixo.
Estudou baixo com Red Callender e Teoria e piano com Lloyd Reese( onde também se desenvolveu como compositor).
Aos 17 anos compôs What Love e Half Mast Inhibitions.
Tocou com importantes nomes do jazz, entre eles Miles Davis, Charlie"Bird" Parker e Louis Armstrong.
Em 1952, em sociedade com o baterista Max Roach, fundou a gravadora independente Debut Records, a empresa durou cinco anos, mas foi responsável pelo lançamento de álbuns de Kenny Dorham, John La Porta, entre outros nomes do jazz moderno.
Em Janeiro de 1953, assumiu o contrabaixo da big band de Duke Ellington, seu primeiro ídolo musical.
Essa parceria levou Mingus a uma séria discussão com o trombonista Juan Tizol, por conta de um arranjo que Mingus não havia gostado, os dois trocaram ameaças e Mingus foi convidado a pedir demissão.
Apesar disso, gravou com Ellington e Max Roach o álbum Money Jungle, em 1962.
Apesar da fama de "brigão", Mingus tocou com os maiores mestres do bebop.
Em Dezembro de 1955 Mingus criou o Jazz Workshop, espécie de companhia de repertório musical, inicialmente com formação flutuante.
Em Janeiro de 1956, gravou Phitecantropus Erectus, onde valorizava a composição espontânea, basicamente o mesmo método que Duke Ellington utilizava.
Seguiu compondo e gravando com os mais diversos nomes do bebop, hard bop e jazz de vanguarda, consolidando sua carreira.
Nem mesmo depois de saber que sofria de um raro tipo de paralisia muscular ( doença de Lou Gehrig), em 1977, Mingus desistiu de compor.
Em seus últimos meses de vida, já numa cadeira de rodas, ainda gravava esboços de composições e colaborou com a cantora Joni Mitchell, que letrou algumas de suas composições.
Felizmente seu precioso legado musical não se perdeu.
Em Abril de 1979 nasceu a Mingus Dinasty, banda idealizada por Sue Mingus, sua viúva.
Na primeira formação participaram antigos parceiros de Mingus, depois vieram outros discípulos.
Em 1991, a banda foi ampliada para Mingus Big Band.
A ironia é que, durante sua vida, o próprio Mingus não teve chance de participar de uma big band que tocasse exclusivamente suas composições.
Cerca de 100 músicos tem participado das formações da Mingus Dinasty, da Mingus Big Band e da Charles Mingus Orchestra, que passaram q se revezar nas apresentações em Nova York e nos festivais de jazz pelo mundo.

"A música é a evidência de que minha alma vai viver". Charles Mingus

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